quarta-feira, 28 de julho de 2010

Cheia de mim

-Prazer, eu sou o vazio!
Horas na janela, olhando o vento nas Árvores!
Dias e dias, sem conseguir nem dar bom dia pra si mesmo!


As roupas, são as mesmas.
A cara é a mesma!


Meio sem avisar, trouxe malas e veio morar aqui!
Na porta nem me olhou...
Passou por mim como uma velha conhecida...
No final do corredor ela grita;
- Ah, prazer, eu sou o Vazio!
Vim morar com você!

Pra te mostrar as pedras que você tirou do seu caminho e construiu uma prisão
Para as flores que você colheu e deixou murchar todas, em um vaso sem água!
Para os dias que você acordou, desejando nunca ter estado aqui....

Guardou as malas, sentou na minha cama
E pois-se a me relatar os motivos da mudança

Não que eu a tivesse convidado...
Mas era tanta solidão ultimamente, que estava aceitando qualquer companhia.

Não me olhava nos olhos, não me chamava pelo nome.
Parecia ler uma espécie de resumo de mim.
Com detalhes que só eu sabia!!

Eu na porta, olhando o quarto vazio, a cama vazia!
Minha vida vazia...
Eu a sentia ali, todo tempo!

Mesmo saindo todos os dias...
É como se alguém me levasse na porta sem me dar Adeus!

As vezes a sentia me olhando... se nada dizer
As vezes tinha tanta raiva dela, que tinha vontade de gritar e a colocar pra fora!
Mas quem ia estar aqui? Quem ia a substituir!?

Logo eu que lutei tanto pra ter tudo que tenho!
Hoje procuro o que fazer com tantas coisas....

Dias, meses...
A poeira toma conta da casa....
E parece que também tomar conta de mim...

Vassoura, balde, água...
As coisas velhas começam a surgir,
Como eu pude viver todo esse tempo, com tanto lixo!!

Sacos e mais sacos!
Passados, coisas inúteis...

Sentada no chão eu percebo que ali dentro só havia restado eu
Como se nada alem de mim fosse necessário!!
Era uma água meio negra, mas eu não hesitei em jogar em mim

Que a faxina agora comece aqui
Jogando fora todo o lixo e tudo que não me sirva pra nada!!

Ao olhar o chão, me parece ser pegadas!
Um vento na porta;
É...Ela foi embora...

Sem dar Adeus, como se sua presença não fosse mais indispensável ali!

Ainda sentada, preenchida de mim...
Levanto, como se a vida começasse naquele instante...

Com uma pagina em branco...
Como um cronometro zerado!
Pronto pra me iniciar!!


Preenchida de mim!
Você não sabe o que é se sentir vazia!!